Câmara de Corrida de Rua se reúne com presidente da Federação Gaúcha de Montanhismo
Postado em 17/09/2018
Fonte: CREF2/RS
A Câmara Técnica de Corrida de Rua, presidida por Cláudia Ramos Lucchese (CREF 002358-G/RS), realizou sua reunião mensal no dia 13 de setembro, na sede do CREF2/RS, contando com representantes de empresas organizadoras de Trail run e membros das equipes de corrida desta modalidade. Neste encontro, a Câmara trouxe o presidente da Federação Gaúcha de Montanhismo, Nelson Brugger (CREF 006884-G/RS), para que relatasse os protocolos de segurança física e de conservação do meio ambiente utilizados no montanhismo. Estes princípios devem ser discutidos e adaptados aos tópicos que estarão presentes na Cartilha de Trail run, que será editada pelo CREF2/RS, e dirigida à divulgação aos praticantes, à sociedade e aos profissionais de Educação Física das noções de boas práticas para competir nesta modalidade, respeitando o meio ambiente e, principalmente, permitindo uma prática segura do esporte.
O presidente da Federação Gaúcha de Montanhismo explicou que os
montanhistas têm uma ação muito forte ligada ao meio ambiente e à difusão de
práticas de mínimo impacto nos locais onde se praticam os esportes nos ambientes naturais.
"Eu havia lido no site do CREF2/RS sobre a intenção da Câmara de Corrida de Rua de
produzir um manual para adaptar o corredor urbano ao trail run. Pensei que a Federação
deveria contribuir, pois temos uma grande experiência na orientação das pessoas que estão
começando a prática de esportes em áreas naturais”.
Brugger esclareceu que uma pessoa correndo em um parque nacional, mesmo sem saber,
ajuda a defender aquela área de preservação, pois quando você tem um
grupo razoável ocupando estes espaços, inibisse a ação de caçadores,
palmiteiros e garimpeiros. "Contudo, reforçamos a compreensão que estes espaços são mais
frágeis e têm um equilíbrio delicado”. O montanhista explicou que todos os parques naturais apresentam alguma área aproveitável para a atividade física, tendo apenas que adaptar o tipo de público e de percurso ao terreno.
Ele reforçou a expertise que a Federação tem de orientação das pessoas sobre as
recomendações e cuidados, tanto na proteção der meio ambiente, quanto referentes aos
cuidados de segurança pessoal. "Isto vai desde como fazer um banheiro no meio do mato, o que se enterra no buraco e o que não pode ser deixado, a que distância tem que ficar de uma fonte de água,
como identificar água potável, entre outros exemplos".
Quantos aos animais silvestres, Brugger disse existir um temor disseminado em relação a
cobras e serpentes, mas que o animal que causa o maior número de acidentes mortais é a abelha.
"Aconselhamos a não usar perfume ou desodorante quando for praticar atividades nestes
lugares, pois o cheiro é um forte atrativo para os insetos. Isso não é uma coisa óbvia para um corredor de rua urbano", complementa.
O presidente da Federação analisa que os esportes da natureza são menos estruturados
que os esportes tradicionais, apresentando uma informalidade maior. "Futebol e voleibol você aprende na escola. Surfe e escalada não", resume, e cita a Argentina e Chile como países na
América Latina que estão na vanguarda da prática dos esportes na natureza.
Um artigo do ex-presidente do Instituto Estadual de Florestas do Rio de Janeiro, André Ilha,
publicado no site da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME) sobre a
política de visitação em áreas protegidas corrobora a ideia de preservação defendida por
Brugger. "Desta forma, acreditamos firmemente que, pelo menos, uma parcela destes
visitantes, caso tenha tido uma experiência positiva de acordo com o seu interesse e a
sua aptidão física, levantará a voz em defesa dos parques visitados, exigindo mais
verbas, mais estrutura e mais fiscalização contra os verdadeiros criminosos. Na mesma
linha, as pessoas que desenvolverem um vínculo afetivo com parques desfrutados
através da experiência direta, serão aquelas que oferecerão o necessário anteparo
político para barrar propostas legislativas que visem a reduzi-los, extingui-los ou
“flexibilizar” suas regras de proteção para atender a poderosos interesses econômicos
sempre à espreita".
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